DICOTOMIA POLÍTICA: CAPITAL X INTERIOR
Porto Velho, cidade histórica, sede política e administrativa do estado de Rondônia, polo universitário, capital regional. Não obstante todos estes adjetivos, a cidade de Porto Velho carece de investimentos oriundos das esferas federal, estadual e municipal. O tempo passa, os problemas urbanos se avolumam e os poderes públicos são incapazes de oferecer alternativas para dirimir ou minorar as demandas sociais e econômicas dos nossos citadinos, em relação às necessidades primárias referentes aos seguintes aspectos:
• educação pública e de qualidade;
• assistência médico-hospitalar gratuita e de qualidade;
• segurança pública eficiente;
• maior oferta de emprego e renda.
Seguramente, os problemas que afetam a cidade de Porto Velho não se apresentam somente porque Rondônia é um jovem estado ou mesmo porque a sua localização geográfica dista das regiões mais desenvolvidas do país; mas sim pela falta vontade e postura política por parte dos ”representantes do povo” (ou dos representantes dos seus interesses particulares?). Na realidade, Rondônia carece de políticos honestos, nascidos aqui e ultra comprometidos com o estado e a sua população.
De 1934 a 1981, Rondônia teve 29 governantes, todos indicados pelo governo central militar. Com a introdução do estado democrático de direito, fundamentado na Constituição de 1988, a população passou a eleger os governadores.
A partir da década de 1990, apenas um filho de Rondônia, Osvaldo Piana Filho, foi eleito governador. De lá para cá, os governantes eleitos são todos migrantes, radicados em diferentes cidades do interior. Apesar de Porto Velho constituir o maior colégio eleitoral em comparação com os demais municípios, a capital não consegue eleger um governante para o estado, visto que a somatória populacional dos eleitores dos municípios do interior é muito superior ao número de eleitores porto-velhenses. Neste contexto, outro fator é determinante para a manutenção do seguinte quadro: a falta de penetração política dos candidatos da capital junto a grande massa de eleitores radicados nos municípios interioranos.
Aqueles políticos porto-velhenses que se arvoram ao maior cargo político do estado, também, esbarram na desigualdade em termos de concorrência, visto que muitos candidatos do interior detêm o controle sobre o seu eleitorado, visto que os próprios eleitores locais não permitem que pessoas ali e alhures sequer falem mal de seus candidatos. São políticos que transformaram e/ou transformam o local onde moram em mais que um simples reduto eleitoral, mas sim e sobretudo, em verdadeiras oligarquias, como as que ocorreram e/ou ocorrem em Vilhena (família Donadon); em Rolim de Moura (família Raup, família Cassol); em Ariquemes (família Amorim, família Moura); Ji-Paraná (Bianco/seus asseclas, família Gurgacz).
A idéia de estado presume um todo, um conjunto, onde cada parte é importante para a estrutura e o funcionamento do sistema. Nenhuma unidade deve ser vista, beneficiada e/ou prejudicada isoladamente, sob pena de surgir um desequilíbrio ou mesmo uma macrocefalia. Entretanto, muitos municípios apresentam um maior grau de dificuldade ou dependência econômica, devido a sua má geração, ou seja, a criação de municípios políticos sem condições mínimas de auto-sustentação econômica.
Portanto, analisando a problemática política por este prisma, podemos concluir que vivemos uma dicotomia entre a capital e o interior. Na verdade, o que se deseja não é apenas e tão somente a criação de uma mera competição entre capital x interior, entre político A x político B. Em realidade, almejamos que os políticos sejam probos, éticos e que estejam à serviço da população, pois não precisamos de representantes comerciais e de toda sorte de irresponsáveis que visam apenas satisfazer suas necessidades e dos seus grupos.
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